MEUS OLHOS
Ah, meus olhos... Acervos de imagens, vivências
e segredos de encanto e de espanto dançantes,
resplandecem o mar de emoções penetrantes
que se quebra na praia de tantas ausências...
Ah, meus olhos... Acúmulos vivos de instantes
respirados, sentidos no cerne da essência,
que se afloram, cedendo-se à luz, na influência
de lembranças, regressos de outonos distantes...
E a poesia goteja, sanguínea, no verso
deste olhar em noturnos solares imerso,
com seu dom de irmanar a beleza e a tristura...
Mas meus olhos, embora procurem estrelas
sobre noites chuvosas, não podem mantê-las
dentro em minha verdade despida, mais pura.