MUSA DE BARRO
Minha musa moldada do barro,
Retorna a sua origem,
Não sente bem-estar ou vertigem,
Cruzou as fronteiras do sono bizarro.
Tem pela vida um estranho desgarro,
Não se importa com o céu azul ou fuligem,
Nem se a corrupção consome o corpo virgem,
Minha musa é poeira no chão que varro.
Na penumbra não tem fome ou sede,
Combina-se ao solo do vale verde,
Descansando minguada a brisa calma.
Simplesmente se entrega à inexistência,
Não reclama a Deus ou pede clemência,
Por que é só barro sem alma.