O TRAIDOR

O meu amigo armou-me vil cilada!

Eu protestei magoado e furioso!

Como é que pode alguém tão ardiloso

flanar em minha vida, em minha estrada?

Chamei-o de parceiro, camarada,

feliz, em seu convívio generoso;

e partilhei momento doloroso,

bem como as alegrias da jornada.

Humanidade atroz, que fere, mata,

dessangra, mói, degola, que maltrata

o que primeiro doa-se ante a agrura!

Leitores, rói-me a culpa, desventura,

pois conto nestes versos o que ouvi

do antigo amigo aflito que traí.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 07/08/2012
Código do texto: T3817819
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