O TRAIDOR
O meu amigo armou-me vil cilada!
Eu protestei magoado e furioso!
Como é que pode alguém tão ardiloso
flanar em minha vida, em minha estrada?
Chamei-o de parceiro, camarada,
feliz, em seu convívio generoso;
e partilhei momento doloroso,
bem como as alegrias da jornada.
Humanidade atroz, que fere, mata,
dessangra, mói, degola, que maltrata
o que primeiro doa-se ante a agrura!
Leitores, rói-me a culpa, desventura,
pois conto nestes versos o que ouvi
do antigo amigo aflito que traí.