LAVA

Apenas vejo as folhas secas despencadas

dos galhos firmes, juvenis do alvor de mim,

bem como as flores da ilusão despetaladas

que coloriram-me as manhãs, o meu jardim...

Vestígios mortos do passado, fés aladas

que cintilavam de esperanças mundo em sim...

As casas pobres, mas felizes, abastadas

de força, encanto, amor, solares, tudo, alfim...

E no deserto de emoção e de sentido,

vou me arrastando à infinda sede, ensurdecido

pelo metal que arranha o canto da poesia.

Ceifou-me a vida, em torpe, bruta malvadeza,

as chamas claras, as centelhas da leveza

e mergulhou-me em lava densa de apatia.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 17/07/2012
Código do texto: T3782101
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