FORMA VAGA
Onde estais, ó morta dama?
Estais presa nos ocultos atalhos,
Embriagada com os vinhos orvalhos,
Sangrados da abissal rama?
Estais aportada na lama,
Abaixo das ceifas vigiada por espantalhos,
Dos plantios de lírios, dos alhos,
Lentamente esvaziando a cama.
Serás que me enxerga, ó forma vaga,
Nessa desconhecida imersão que lhe apaga?
Será que não ouves meu apelo,
Na superfície do meu ermo mundo,
Será que a saudade não lhe chega ao fundo,
Ó, forma vaga vestida de gelo?