AS CONFISSÕES DA INVEJA
Quantas dores me causam triunfos alheios...
E quanto ódio em refluxo nos nervos golfados...
Dilaceram-me a alma brutais tiroteios,
quando alguém faz da vida uns acervos dourados...
O furor me afogando em violentos ondeios...
Arde em mim o amarume dos dons torturados,
mas as chagas no corpo me servem de arreios
na labuta à procura de mais fracassados...
Vou seguindo nos vales das sortes inglórias,
arrastando destinos por sórdidas rotas,
penetrando meu gládio em sombrias histórias...
Faço pouso em sinistras e lúridas grotas
a tramar as ciladas que roem vitórias,
inda que isto me custe entregar-me às derrotas.