SANTA CASA
Quando cessar minha atividade celular,
Percorrendo pelo corpo a corrente fria,
Ao se despedir o sol na queda do dia,
Deixarei a casca frágil que chamo de lar.
Quando se esgotar a ultima molécula de ar,
A matéria animada ficará vazia,
E seguirei para a esfera da abadia,
Santa casa de neve debaixo de prateado luar.
Santa casa com jardineiras de lírios cristalizados,
Nas janelas das torres entre os astros espiritualizados,
Portais que adentram o translúcido vento sereno.
Quando descer em mim a inércia funérea,
Irei aflorar minha a sensibilidade etérea
Porque a alma grandiosa se libertou do corpo terreno.