SANTA CASA

Quando cessar minha atividade celular,

Percorrendo pelo corpo a corrente fria,

Ao se despedir o sol na queda do dia,

Deixarei a casca frágil que chamo de lar.

Quando se esgotar a ultima molécula de ar,

A matéria animada ficará vazia,

E seguirei para a esfera da abadia,

Santa casa de neve debaixo de prateado luar.

Santa casa com jardineiras de lírios cristalizados,

Nas janelas das torres entre os astros espiritualizados,

Portais que adentram o translúcido vento sereno.

Quando descer em mim a inércia funérea,

Irei aflorar minha a sensibilidade etérea

Porque a alma grandiosa se libertou do corpo terreno.

Valéria Leobino
Enviado por Valéria Leobino em 12/07/2012
Código do texto: T3773776
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