SANHA URBANA

E se afogando às enxurradas turvas, densas

de tanta urgência, de tormenta, bruto afã,

os homens seguem rumo ao nada do amanhã,

cuspindo féis de egocentrismo e indiferenças.

Nesse desfile de feições tristonhas, tensas,

de sentimento entorpecido à fé malsã,

sob a chibata da rotina algoz, vilã,

a rua esmaga o tempo em suas plúmbeas prensas.

Os edifícios, nos seus vítreos dentes fartos,

pressionam, forte como as dores dos infartos,

pessoas presas dentro em salas, cifras, fones.

E sobre o asfalto, carros monstros rugem bravos

a conduzirem seus patéticos escravos...

Robotizados homens sós; oh! Meros clones!

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 07/07/2012
Reeditado em 08/07/2012
Código do texto: T3764866
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