SONHO MORTO
No dia em que velei meu sonho morto,
as folhas despencaram-se dos galhos,
secou-se aquele dantes fértil horto
dos planos meus colhidos em orvalhos.
As lágrimas vertidas sobre os talhos
do sonho sucumbido em mundo torto
ardiam tanto no âmago em frangalhos,
tal como toda a Terra em bruto aborto.
Chorei! Gritei demais! Esbravejei!
Depois, tão combalido, eu me calei.
A força se escorreu de corpo e essência.
Agora, sem meu sonho, flano a arder
em oco fumegante, ao não haver
da vida, dissolvido à inexistência.