CAVALO ALADO

E no ímpeto, eu ascendo meu cavalo

dotado de imponentes, negras asas,

que safa-se do fogo, dentre as brasas

do incêndio d'alma a arder em bruto abalo.

O meu cavalo forte, ao céu, embalo

a revoar por templos, prédios, casas,

acima das pequenas mentes rasas,

decências que se escorrem pelo ralo.

Porque queimei-me tanto, tanto e tanto,

que até secou na essência o intenso pranto!

Penar me fez imune a ações amargas.

Ah, sim! Nas chamas d'alma fui queimado!

Mas meu cavalo negro viu-se alado,

liberto das correias, rédeas, cargas.