Eclipse
Do nada que sobrou, terei engano,
maltrata meu dizer, se for por isso:
dizer só por dizer, no sacrifício
do amar só por amar – no quanto ufano.
O amor, maior querer, maior que o vício,
me mata de prazer, pois se de humano
prepara o levantar do leve pano
cobrindo no teu corpo, o nosso indício.
Mas longe das primeiras florações,
pintar um céu de oitavas sensações
num cântico sagrado à tua porta.
O amor engana a sorte e traz o pranto,
na vida traduzida ao mesmo manto
do sonho que tingiu a lua morta.