A COR DA POESIA
Desliza o verso em vias de mistério...
Deglute, assim famélico, o sentido
de seu destino breve a ser vivido...
Fazer-se do poema é seu critério.
Erguendo-se ridente, ou reto e sério...
Saltando em bamba métrica, atrevido,
ou preso nela, firme e decidido...
De seu poema, faz seu ascetério.
O verso quer apenas ser um verso,
cumprir a sua sina no reverso
do pensamento deus de seu leitor.
Desvia a tradução, versão coerente,
pois sabe que poesia só se sente...
É plena, se em vazio acende a cor.