Da Inspiração
Assim que o dia fecha sua cortina,
E a noite barulhenta se apresenta,
O poeta se instala na oficina
Do sonho estrelejado de magenta.
Procura no papel, arrasta a sina,
Na forma arrepiante se arrebenta
O spleen esperançoso que alucina
A estrofe dedilhada na tormenta.
Um sopro de emoção... treme o poema...
A cor da sensação... fugaz o tema...
Há tanto por dizer... o tempo escorre...
Quem pode enfim curar a dor terrível;
Sentir a vastidão do imperecível
Anunciando o verso que já morre!