MAIS DO MESMO

Encerrado, espremido, isolado na cela

tenebrosa do pânico no âmago inserto,

a deixar, tão equídeo, que cravem-me a sela

da arrogância que abate perdidos no incerto...

vou chorando lembranças que aos poucos eu mato

desta vida – miuçalha deixada no canto –

Eu, chinelo esquecido em estupro no mato...

Minha história ressoa tal fúnebre canto...

E nesta árida alfurja enterrando-me a graça,

eu degluto o lamento que dentro em mim grassa...

Pós o esputo ao revés que, famélico, espira...

E na angústia que torna-me incrédulo e cego,

extermino meus planos de outrora, eu os sego

e os derramo, em detritos, na força que expira.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 30/05/2012
Código do texto: T3695477
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