A cruz

A cruz tem dois imensuráveis braços abertos,

Que chamam para o repouso eterno, os vivos,

Lacrimais pela perda os entes queridos cativos,

Por sono minguante que os deixa encobertos.

A cruz não é simbólica nos extensos desertos,

Transita entre o mundo dos mortos e dos vivos,

Seus braços concretados no tempo são indicativos,

Dos abismos que um dia os vivos adentrarão certos

Que a fenda que os engolem não tem retorno,

As matas selvagens crescerão em torno,

Da tumba pincelada por o tom imaturo das hepáticas,

Os liquens ácidos multiplicarão devorando as casas

E todos ficarão perdidos nos grãos feitos fetos sem asas,

Se não abraçados pela cruz cravada na terra das saudades fanáticas.

Valéria Leobino
Enviado por Valéria Leobino em 18/05/2012
Reeditado em 18/05/2012
Código do texto: T3674769
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