A cruz
A cruz tem dois imensuráveis braços abertos,
Que chamam para o repouso eterno, os vivos,
Lacrimais pela perda os entes queridos cativos,
Por sono minguante que os deixa encobertos.
A cruz não é simbólica nos extensos desertos,
Transita entre o mundo dos mortos e dos vivos,
Seus braços concretados no tempo são indicativos,
Dos abismos que um dia os vivos adentrarão certos
Que a fenda que os engolem não tem retorno,
As matas selvagens crescerão em torno,
Da tumba pincelada por o tom imaturo das hepáticas,
Os liquens ácidos multiplicarão devorando as casas
E todos ficarão perdidos nos grãos feitos fetos sem asas,
Se não abraçados pela cruz cravada na terra das saudades fanáticas.