Campos de lírios
Ó, campos primaveris de lírios,
Abram os seus amadeirados portais,
Para que entrem as criaturas espirituais
Vindos dos abismos remotos de longos martírios.
Deixem passar os mortos em delírios,
Que possam repousar nos céus vitrais,
Sob os olhos cálidos dos seres angelicais,
Que trazem nas mãos a suavidade dos cremes de lírios.
Bebam felizes as adocicadas relvas
Nos copos das flores dos campos mornos, não das vorazes selvas,
Que se esquecem dos que habitam nelas,
No frio denso, fatídico, sem memória,
Jamais como os primaveris, campos de glória
Que abraçam os mortos novatos com mantos de pétalas.