Soneto para os Olhos
Não te amo os traços mais perfeitos, amo
Antes de tudo, o modo de beijar-me
Com os olhos em repouso, sem alarme
Sem aviso, malícia, ou desengano
Para dizer, às cegas é que eu amo
Antes de tudo, o jeito de falar-me
E mais ainda o teu calor humano
E não a perfeição, mas o teu charme
Porque a beleza é superficial
E só se aplica aos olhos de quem vê
Aquilo que no fundo é natural
Eu amo o que é recôndito em você
O que pra mim te faz especial
E para os mais, belíssimo clichê
Pinheiro, 2008