MEU CHÃO (Marco Aurélio Vieira) / ANGÚSTIA (Edir Pina de Barros)

MEU CHÃO

Corcel aprisionado em tuas celas,

sentindo teu calor de sóis ardentes,

feliz, cavalgo a saltos mui potentes

em torno dos limites teus, cautelas...

Mas sangro com as farpas entre dentes,

se tu me faltas para abrir janelas,

se não me vens para acender as velas

das energias minhas, tão dormentes.

Cativo assaz liberto e à mercê

de tua flor de luz, condões, poesias,

cinzelo em tua vida meu porquê...

Preciso deste teu celeste olhar...

De tua boca me ditando os dias...

Preciso de teu chão pra caminhar...

Marco Aurélio Vieira

ANGÚSTIA

Preciso de teu chão, por Deus, preciso

do húmus de teu ser, onde renasço,

liberta dessas dores, do cansaço

deste viver incerto e de improviso.

De ti recolho as flores de Narciso

e assim me recomponho, passo a passo,

a palmilhar teu chão, tão fértil e lasso

deixando as minhas marcas onde piso.

Preciso no teu chão deitar raízes

beber das águas tuas - minhas seivas -

Senti-las percorrendo as minhas veias.

Se tu me queres muito – como dizes –

põe fim na dor, que a minha vida eiva,

e me sufoca com viscosas teias.

Edir Pina de Barros

Marco Aurelio Vieira e Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 26/04/2012
Reeditado em 26/04/2012
Código do texto: T3633848
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.