O SONETO
Em qualquer forma que eu seja aqui escrito,
Destroçam minha carne e o meu esqueleto,
Mas, sobro-me em sonoro e meigo grito.
Em verdade estou vivo... Sou eu um soneto!
Posso ser decassílabo heróico,
Tratado como tal se eu for profundo,
No instante que também sou paranóico,
E minha grande mágoa dita ao mundo.
E se com doze sílabas me atino,
Mais nada eu quero. Vivo-me igualmente!
Sou eu sim! O tal soneto alexandrino.
E ecoando este meu ego finalmente,
Como o badalar numa igreja, o sino;
Serei a voz do meu livro em sua mente!