FINAL

Eu pálido no seco desencanto

de teu amor que em sangue e suor goteja

nos meus anseios todos e troveja

seus gritos que me expele, em susto, o pranto...

Eu cálido nas brasas do quebranto

de teu amor que fogo em mim bafeja

e estraga e murcha a rúbida cereja

viçosa da ilusão de eterno encanto...

Ai, não suporto mais o amor mortiço

que crava ao peito chumbo tão maciço

e lento, lento, arrasta seu final!

Nós éramos folhagens se alastrando

e somos, ora, pedras se quebrando

aos golpes da rotina vil, letal.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 24/04/2012
Reeditado em 24/04/2012
Código do texto: T3630103
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