SOLIDÃO
A solidão, que nos afeta noite e dia,
Deixando marcas que o tempo não apaga,
Fere profundamente a alma e se propaga
À nossa volta, a infundir melancolia
No coração, imerso em dor e nostalgia,
Sem que se tenha um só minuto (triste saga)
Do que era, dantes, um amor que embriaga
E faz, de cada hora vivida, uma alegria
Mas eis que os velhos sortilégios do destino,
Sem, nem ao menos, um consolo ou mero aviso,
Fazem haver escuridão onde era luz,
Impondo assim, a um viver, pesada cruz
E dando à vida um rumo incerto, impreciso,
Como se fora, tudo enfim, um desatino.
Interação ao magistral soneto Sem Saída, da amiga e exímia poetisa
Milla Pereira.