POST-MORTEM (de Wender Montenegro)

Se fores triste ao meu velório, amigo,

com o peito arfante, consumido em dores;

se ao meu enterro tu chorando fores,

sinto dizer: não chorarei contigo!

Se em meu sepulcro tu jogares flores,

ornamentando o funeral, te digo

que, ao persistir florindo o meu jazigo,

tu estarás desperdiçando odores.

Mas, se formares um riso do pranto

e me ofertares uma flor, enquanto

aspiro ainda o ar e o sol que aquece,

contigo, amigo, sorrirei contente

e não serei com a flor indiferente,

como eu seria se morto estivesse.

Wender Montenegro

(um dos sonetos mais lindos que já li!) de um amigo meu....

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 31/03/2012
Reeditado em 31/03/2012
Código do texto: T3585902
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