POST-MORTEM (de Wender Montenegro)
Se fores triste ao meu velório, amigo,
com o peito arfante, consumido em dores;
se ao meu enterro tu chorando fores,
sinto dizer: não chorarei contigo!
Se em meu sepulcro tu jogares flores,
ornamentando o funeral, te digo
que, ao persistir florindo o meu jazigo,
tu estarás desperdiçando odores.
Mas, se formares um riso do pranto
e me ofertares uma flor, enquanto
aspiro ainda o ar e o sol que aquece,
contigo, amigo, sorrirei contente
e não serei com a flor indiferente,
como eu seria se morto estivesse.
Wender Montenegro
(um dos sonetos mais lindos que já li!) de um amigo meu....