PÁSSARO CATIVO
Eu sou clandestino da vida flanando
por sobre o concreto do medo profuso,
domado a cumprir o silente comando
do mundo sombrio de arranjo confuso.
Eu sou foragido em meu sonho mui brando,
que amansa-me as feras em canto difuso
por entre o bramido das veras, nefando...
Prossigo liberto no cerne recluso.
Meu pássaro vive cativo em meu peito,
por vezes adeja em sorrir contrafeito
que emano às pessoas, com âmago em brasas!
Preciso encontrar um amparo, meu norte,
não mais existir incompleto, um recorte,
alado e sem céu que sustente-me as asas...