PÁSSARO CATIVO

Eu sou clandestino da vida flanando

por sobre o concreto do medo profuso,

domado a cumprir o silente comando

do mundo sombrio de arranjo confuso.

Eu sou foragido em meu sonho mui brando,

que amansa-me as feras em canto difuso

por entre o bramido das veras, nefando...

Prossigo liberto no cerne recluso.

Meu pássaro vive cativo em meu peito,

por vezes adeja em sorrir contrafeito

que emano às pessoas, com âmago em brasas!

Preciso encontrar um amparo, meu norte,

não mais existir incompleto, um recorte,

alado e sem céu que sustente-me as asas...

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 26/03/2012
Reeditado em 26/03/2012
Código do texto: T3576469
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