O FADO

Encurta-se-me o tempo, encurralado

Na distância marcada nas folhinhas.

Apresso-me o trabalho e as nobres vinhas

Envelhecem comigo lado a lado.

Iremos para o fim. É o mesmo o fado

Dos Vinhaes e do homem. Curtas linhas

Nas quais se configuram por vizinhas,

As horas do lazer e do roçado...

Nunca esperei nem quero recompensas

Do legado que deixo. Horas extensas

De trabalho e suor foram meu gozo!

Muito bom ter passado dos noventa,

A alma não mais aspira nem intenta!

E eis, glória ao barro frio e pedregoso.

Domingo de Carnaval, 21- 02 - 2012, as 15 horas