Derradeiro Soneto
Jorge Linhaça

Senhora morte que hoje me chamas
Dá-me um momento pra me despedir
Depois levai-me contigo a partir
Junto ao teu colo, ó formosa dama

Deixai-me escrever, o fim deste drama
Neste soneto que faço a sorrir
Pois que é chegada a hora de ir
deixando o corpo prostrado na cama

Por mor que seja o eterno castigo
S'esta minh'alma não ver salvação
Sein que bem menor será o perigo

Do qu'esta vida de pura ilusão
Onde o poeta encontra abrigo
só nos seus versos escritos à mão

Salvador, 15 de fevereiro de 2012