SONETO DO SONHO AMPUTADO

Arrasto-me nos charcos de temores

do mundo que me surra mui inclemente,

cravando-me o mortal e fino dente

nas veias, ossos, suga-me vigores!

Ardores meus! A luz se esvai fremente,

entreva as esperanças, seus verdores

e espalha a escuridão dos estertores

nos ledos da ilusão, nervosamente!

Por que sangrar um ser na edaz fereza?

Por que me aleijas, mundo, na crueza

de amputações de sonho e fé perdida?

Sorrio para alheios sóis serenos,

enquanto amargo, em ácidos venenos,

a morte que me toma em plena vida...

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 14/02/2012
Reeditado em 14/02/2012
Código do texto: T3498388
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.