DESABAFO

E neste jardim de rosas e espinhos,

Que é o nosso mundo tragediógrafo

Que talhou-nos em pedras e pergaminhos

Mas não nos ouve um só desabafo.

Como num ciclo fazemos nossos ninhos

E pomos sonhos em sacos, abafo,

Sufocando-nos neles, sempre sozinhos,

No seu fluxo, no seu ardido bafo.

Mas nele rosas exalam perfume,

E as estrelas rutilam num frêmito lume,

Como conforto até a sepultura.

E quando, eu, partir daqui contente,

Não quero lembrar, nem vagamente,

Que fui tão desprezível criatura.

(YEHORAM)

YEHORAM BARUCH HABIBI
Enviado por YEHORAM BARUCH HABIBI em 02/02/2012
Reeditado em 22/03/2018
Código do texto: T3477169
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