DESABAFO
E neste jardim de rosas e espinhos,
Que é o nosso mundo tragediógrafo
Que talhou-nos em pedras e pergaminhos
Mas não nos ouve um só desabafo.
Como num ciclo fazemos nossos ninhos
E pomos sonhos em sacos, abafo,
Sufocando-nos neles, sempre sozinhos,
No seu fluxo, no seu ardido bafo.
Mas nele rosas exalam perfume,
E as estrelas rutilam num frêmito lume,
Como conforto até a sepultura.
E quando, eu, partir daqui contente,
Não quero lembrar, nem vagamente,
Que fui tão desprezível criatura.
(YEHORAM)