Em Decomposição

Decomposição

Jorge Linhaça

Comem-me as larvas, também os insetos

Vem as baratas pro lauto banquete

Eu nesta tumba sou reles dejeto

Vai-se o corpo que era-me enfeite

Sobram-me os ossos, amigos diletos

Que sustentavam a carne em deleite

Hoje não passam de vis objetos

Nest'ataúde como um ramalhete

A tud'eu vejo nesta escuridão

C'os olhos d'alma que tem própria luz

Preso e liberto nesta escuridão

Já não carrego o peso da cruz

Foi-se c'o corp'em decomposição

Já nov'aurora adiante reluz

salvador, 30 de janeiro de 2012