A SURPRESA
Eu já estava acostumado aos teus voejos,
noturnas pândegas, andanças pelos bares...
Sentir-te a falta em nosso ninho de desejos,
a colorir o mais onírico dos lares...
E fui direto a procurar-te nos lugares
onde pairavas a encantar com teus gracejos...
As fortes luzes de faróis, os desamares,
fumaças tóxicas e vícios malfazejos...
Os gritos de homens e mulheres desvairados
me penetravam pelos tímpanos surrados,
cravando a ausência tua em garras dolorosas...
Voltei ao ninho transtornado de furor!
Mas me amansei ao encontrar-te, ó meu amor,
à minha espera, sobre o leito todo em rosas!