Diálogo com a Alma
Jorge linhaça
 
- Foi-se o rio do tempo sob a ponte
Levou consigo minha juventude
Eu olho pr'além do vasto horizonte
Vejo o futuro em um ataúde
 
Ainda que o sol de novo desponte
Fica-me n'alma a inquietude
Subi e desci da vida o monte
Nada mais resta, mais nada me ilude
 
- Cala-te ò alma, não digas asneiras
Pois qu'esta vida, se é passageira
É o bom tempo da semeadura
 
Ouve o silêncio, refresca a memória
Pois escreveste aqui tua história
Com pena d'ouro e alma tão pura