CÃO DO MEU ÓDIO
Pelas moléstias de orgasmos baratos
com que me infestas, dos antros perdidos...
Ai, por teu cetro de macho em maus tratos,
os teus suores, teus rastros fedidos...
E a juventude, meus sonhos comidos
por tua boca a me impor os teus fatos...
Meus seios flácidos, fartos, pendidos
a me pesarem, tais como teus atos...
Por me enterrares no amargo abandono
e me cuspires feroz que és meu dono...
Humilhações que, letais, me consomem...
Que sempre grito, ao servir-te a comida,
grito calada, enforcada, banida:
Tu és o cão do meu ódio, ó, meu homem!
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Soneto pretensiosamente escrito sob a face feminina, para usar a expressão que aprendi com o fantástico Umberto Erê (recantista) e que não me saiu mais da cabeça: “Cão do meu ódio”.