APENAS SOBROU-ME SER UM ALGUÉM

Em dobro paguei o que eu não devia,

Mas, como desfazer o que é incerto?

Dos sonhos que te dei eu menos merecia,

Esse eco de tua solidão em meu deserto.

Foi este abandono tão de repente,

Em dívida paga na cumplicidade;

Paixão escorria como a areia ardente,

Num tempo que ficou ausente a saudade.

Se a vingança é de pecado servir-se,

Sem ter uma vida a quem repartir,

Não sei o que é ao amor entregar-se!

Sou eu dos dias, noite e madrugada a partir

Em um sol desmanchado, sem refletir-se;

Esse mero espaço humano a me existir.

Setedados
Enviado por Setedados em 22/12/2011
Reeditado em 30/12/2011
Código do texto: T3402450
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