APENAS SOBROU-ME SER UM ALGUÉM
Em dobro paguei o que eu não devia,
Mas, como desfazer o que é incerto?
Dos sonhos que te dei eu menos merecia,
Esse eco de tua solidão em meu deserto.
Foi este abandono tão de repente,
Em dívida paga na cumplicidade;
Paixão escorria como a areia ardente,
Num tempo que ficou ausente a saudade.
Se a vingança é de pecado servir-se,
Sem ter uma vida a quem repartir,
Não sei o que é ao amor entregar-se!
Sou eu dos dias, noite e madrugada a partir
Em um sol desmanchado, sem refletir-se;
Esse mero espaço humano a me existir.