MARCAS DO QUE SE FOI

Na pele tatuada destas existências sombrias,

Vejo ali nas formas irreais d’um tempo morto,

As quais lembram o que fui e sou nestes dias;

Meu passado deitado, penado e sem conforto!

Foi a obra inacabada de uma sentença impura,

Que até hoje minha alma não cura, nem livra,

Das metamórficas dentadas doídas da loucura,

Mesmo antes do pecado que a morte me priva.

Há, se foi lindo eu não sei! E nada tenho mais,

Pois, o que se veste é o que dentro se parece,

É como eu fosse um corpo em atos sepulcrais.

Por fora nem a túnica da verdade me espairece,

Sou gota de veneno embebendo solidões finais,

Em repouso peçonhento do meu eu que falece.

Setedados
Enviado por Setedados em 09/12/2011
Código do texto: T3380332
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