MARCAS DO QUE SE FOI
Na pele tatuada destas existências sombrias,
Vejo ali nas formas irreais d’um tempo morto,
As quais lembram o que fui e sou nestes dias;
Meu passado deitado, penado e sem conforto!
Foi a obra inacabada de uma sentença impura,
Que até hoje minha alma não cura, nem livra,
Das metamórficas dentadas doídas da loucura,
Mesmo antes do pecado que a morte me priva.
Há, se foi lindo eu não sei! E nada tenho mais,
Pois, o que se veste é o que dentro se parece,
É como eu fosse um corpo em atos sepulcrais.
Por fora nem a túnica da verdade me espairece,
Sou gota de veneno embebendo solidões finais,
Em repouso peçonhento do meu eu que falece.