Efêmero Luar
Leitosa lua, lamentosa e lenta.
Lago de luzes; lírio largo e leve.
Lustroso leito; a luz da lua eleve
O langue lume que à luxúria alenta.
Ditosa emproa-te a atrair o breve
Instinto humano – qual mar que arrebenta –
A se agitar na noite morna e argênt’a,
Enquanto o sol junto à moral faz greve.
Oh lua, és mãe das ânsias nunca ditas!
À luz as dá e oculta-as com teu manto
Noturno, assim imanta-as e entretanto...
Irmã na sorte das paixões que incitas:
Crescer, brilhar, minguar e se apagar...
Volúveis ambos: o Prazer e o Luar.