O transporte

Vai o deus Chronos engolindo longas Horas...

A acédia é qual corcel sem rédeas ou esporas:

Furiosa e louca, a percorrer, à revelia,

Todo o meu corpo ao sol glacial do meio-dia.

Toca-me o Midas das elásticas Demoras.

Sucumbo dentro do Eu e aos poucos vou-me embora...

Fica o olhar oco e vago de branca apatia

Ao doce assalto da atroz melancolia.

Alheio a Seres, objetos, paisagens...

Distante à vida e aos seus tons leves ou noturnos,

Vou-me esvaindo feito próximas miragens...

Perfaço a trilha de irreversíveis viagens;

A Terra deixo pelos rumos do soturno

E vou viver além... na esfera de Saturno.

Caio Batista
Enviado por Caio Batista em 07/11/2011
Código do texto: T3323218
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