O transporte
Vai o deus Chronos engolindo longas Horas...
A acédia é qual corcel sem rédeas ou esporas:
Furiosa e louca, a percorrer, à revelia,
Todo o meu corpo ao sol glacial do meio-dia.
Toca-me o Midas das elásticas Demoras.
Sucumbo dentro do Eu e aos poucos vou-me embora...
Fica o olhar oco e vago de branca apatia
Ao doce assalto da atroz melancolia.
Alheio a Seres, objetos, paisagens...
Distante à vida e aos seus tons leves ou noturnos,
Vou-me esvaindo feito próximas miragens...
Perfaço a trilha de irreversíveis viagens;
A Terra deixo pelos rumos do soturno
E vou viver além... na esfera de Saturno.