Metamorfose

Um dia eu acordei do nada inseto!

Sentia-me estranho e pequenino

Igual quem vem ao mundo como feto

E chora por instinto o seu destino.

A vida me era um perigo direto

E cada passo alheio, um desatino,

Assim, medroso igual a um menino,

Dei por melhor era ficar bem quieto.

Tranquei-me então num quarto em canto escuro,

E após cobri com raiva seus espelhos

Pra não ter mais de ver-me em seus conselhos.

Ali, encarcerado mas seguro,

Apodreci secretamente obscuro

Assim como apodrecem outros velhos.

Caio Batista
Enviado por Caio Batista em 06/11/2011
Código do texto: T3321311
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