Olhar dentro de um olhar
Em meio à multidão vi-te a mirar-me
Por um momento rendi-me ao teu charme
Logo desapareceste furtivo.
A chuva forte meu coração gelava
Da tua imagem molhada a fortuita lembrança
Acalentava uma memória a chamar-me.
O momento infinito de um olhar acende
Lembranças cálidas de uma vida ausente
Recordações pálidas de um tempo luzente
Encerradas na brevidade eterna de um alguém a contemplar.
Na multidão o desconhecido a olhar-me
A tempos levou-me já de muito idos
Na familiar estranheza da fisionomia a fitar
Memória disforme de um olhar dentro de um olhar.