"MENOR ABANDONADO: JULGAMENTO"
Os estudos permitidos... O pão sempre à boca...
Um carinho esporádico... Um conselho na hora louca...
Um passeio pelo parque... Os brinquedos por premiação...
A cantiga de ninar... Uma palavra de orientação...
O bolinho no aniversário... Uma bênção ao dormir...
A palmada pelo erro... Os parabéns ao assumir...
Tudo isso foi à lama, fiquei só na escuridão
Quando tive por pais o mundo, e dele sua instrução.
Meus amigos são comparsas, meus caminhos vigiados;
Meu retrato, como outros, n’algum quadro de ‘procurados’.
Tudo isso porque sou mais um “Menor Abandonado”.
Mas tenho Deus por testemunha de que não criei este destino,
E que compete aos Homens, não a mim, que sou menino,
Fazer mudar a situação para tornar-me um Ser Divino.
(ARO. 1991)