TEMPO APÓS TEMPO

Um tempo sem tempo - indefinidas horas,
Reverso do verso - eterno tic tac dos ponteiros,
O canto distante do galo prenuncia a aurora.
E o meu espírito divaga... sem roteiro.

Ponto a ponto, contraponto, a alma chora,
Sinto que sou um angustiado cancioneiro,
Um caminheiro perdido noite afora,
Um pescador sem rede, uma flor sem cheiro.

Breu - eu sem eu - sem o teu amor - senhora,
Tenso - suspenso - propenso a loucura - inteiro,
Envolvido por uma dor que não desancora.

Tempo após tempo - saudade! Apavora,
Tudo sente, nada consola, sou teu prisioneiro,
Pois, estais presente ainda, aqui, agora.