Desejo

Eu sou os galhos bem secos

Que o tempo secou por falta d’água.

Sou a marca profunda de uma mágoa.

Que grita sempre:_Tua culpa! Em ecos.

Sou o que sobrou da luta por nada.

Entre a torpe sanha dos maus tratos.

O velho álbum sujo de retratos

Onde abraços já não dizem nada.

Diáfana é essa luta estranha.

Não poupa ninguém da dor pungente

Luta onde quem perde é quem ganha.

Sobreviventes de uma nau errante.

Do corpo cego e despedaçado

Desejo... Onde a morte é amante.