ERMO CORAÇÃO
Olho o céu cinéreo, o dia escuro,
O frio me abraçando desde os pés
Como um sombrio vulto do futuro
E as ressacas loucas das marés.
Assim eu sinto a alma já semanas
Depois de assegurar-me deste travo,
Pois digo: Ó vida, pensas que me enganas,
Não vês que de mim mesmo sou escravo?
Entre tropel de folhas, tragam os ventos,
Como fervem em mim os pensamentos
Sobre como corrói a solidão.
Mas se o dia mostra-se cinza e glacial
É por ser-me solidário e especial
Com meu esquecido e ermo coração.
(YEHORAM)