A INSÂNIA DO TEMPO
No encanto de olhar-te cuidando das rosas
alegres, singelas do nosso jardim,
colhia cantigas de dentro de mim,
soprava nas brisas de sortes maviosas...
No espanto de ver-te pisando nas rosas,
às febres severas em fossos do fim,
eu colho fadigas do centro de mim
e tranço nas frisas de mortes penosas...
O tempo ratou, desgastou-nos o enlace.
E nós a esperarmos que o dia se passe
à sombra do pálido sol dos descrentes...
E assim, os floridos vividos, passados
se murcham na insânia do tempo, esmagados
aos pés de lembranças senis e doentes.