Aguapé
Edir Pina de Barros

Minh’alma, esse aguapé que em mim flutua,
tem algo dessas cheias pantaneiras,
que deixa os territórios sem fronteiras,
beijando o pé da serra e a terra nua.

Alegre nas enchentes derradeiras
na força que lhe empresta a cheia lua,
rasgando espaços vai e continua
formando, nos baixios, corredeiras.

Mas sempre fica triste nas vazantes,
e míngua! Fica murcha pelos cantos,
vazia de desejos mais audazes.

Nas cheias d’águas tantas, murmurantes,
e de aguapés flutuando nos recantos
minh’alma deita flores tons lilases.
 
Cuiabá, 20 de setembro de 2011.

Livros: Poesia das Águas, pg. 29
Sonetos selecionados, pg. 63
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 20/09/2011
Reeditado em 19/06/2020
Código do texto: T3231013
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