Qual fora mensageira da esperança
A luz nos envolvendo nos diz tanto
E quanto mais audaz, maior encanto

Nos braços deste sonho em que se lança

Além de qualquer medo ou temperança
Deixando para trás fugaz espanto,
Vibrando em tuas mãos, amado, eu canto
E neste canto selo esta aliança

Espero-te com tanta sede e fome
E quando amor devora e assim me come
Fazendo-me sentir única ou rara,

As horas do teu lado são felizes
E quando destes sonhos todos dizes
A fonte ressurgindo onde secara.
 
Marcos Loures


 

Bem querer
Edir Pina de Barros

A fonte ressurgindo onde secara,
a borbulhar em gotas de prazer,
banhando-me com água doce e clara,
penetra nos meus poros, alma e ser;
 
a fonte que secou volta a correr,
com tanta limpidez, outrora rara,
tornando mais alegre o meu viver,
fazendo-me sentir a bela Iara.
 
Entrego-me ao frescor águas suas
tangendo as minhas curvas mornas, nuas,
morrendo-me d’amor eu me deleito.
 
Oh! Fonte de prazer! Oh! Doce fonte!
O mar é o nosso fim, nosso horizonte
e eu quero ser areia no seu leito.


Livro: Poesia das Águas, pg. 109


Enaltecendo o quanto possa o amor
Grassando sob tantas intempéries,
Das dores e terrores longas séries.
Porém traz o seu manto redentor,

Vencendo com ternura estas tempestas,
Que são próprias da vida, eu sei bem disto,
Mas quando neste instante eu não resisto
E em tantas variáveis – luz atestas,

Perceba a divindade em raro brilho
Marcando a cada passo a dimensão
Do sonho que se mostre ebulição
E nela com certeza eu compartilho

Vulcânica eclosão dita o prazer
Que trame o quanto exista em bem querer.
 
 Marcos Loures


Vulcânica explosão
Edir Pina de Barros


Vulcânica explosão dita o prazer
que sobre a tez em lavas se derrama,

mantendo incandescente a forte chama
do amor que dentro em nós nos faz viver.

Dita o prazer vulcânica explosão
que irrompe em nossos corpos orvalhados,
loucos d’amor, os dois entrelaçados,
na força da volúpia e da paixão.

Murmúrios de emoção que, das gargantas,
escapam a traduzir carícias tantas,
na intimidade morna de nós dois.

Nós, lânguidos amantes desmedidos,
olhamos, um ao outro, enternecidos
entregues ao silêncio do depois.

Livro: Pura Chama, pg. 34
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 13/09/2011
Reeditado em 04/02/2017
Código do texto: T3216852
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