A VERDADE DO JULGAMENTO ALHEIO
A depender do céu que te escuta e lhe espia,
Tens pavor na verdade do merecido chamado,
Tanta renúncia a quereres fazer d’tua heresia,
Mas, tarde já é, por julgares pelo lado errado!
Toda glória sem fundamento a um ser da terra,
Que sofre da ignorância do teu ermo respeito,
É tudo o que te volta a atingir quando se erra,
E ainda mais dorido quando se deitas no leito!
O fado que antes seria aos que tanto reprovas,
É a pena que te surge por castigo da injustiça,
Por não honrardes perdões, como tuas provas...
No limiar, o que a ele tu desejaste, te enfeitiça;
Lembre-se das pessoas, sem abrir-lhe as covas,
Não as julgues, pois o pecado é de quem atiça!