Ela e Ele



 
Um outro lado meu pergunta-me quem sou
respondo que vivo o meu talento onde tudo goza
tudo sofre, tudo enlouquece, tudo celebra
sou noiva sutil que o noivo ausente desposa
 
e meu outro invisível quer e insiste em saber mais
de repente viro ostra, aquieto-me, nada falo e reflito
mudo de cor a saia, uso blusa florida, destoante
faz calor e uso botas, lavo o rosto no mar e recito
 
mas o outro lado não se satisfaz, quer examinar a drusa
invernejo com blusa decotada e chapéu com laço amarelo
dispo-me, pele de papel amarrotado, olhar mortiço, sinais
 
meu Ânimus enternece-se, acaricia meu cabelo de Medusa
calmo, ofegante, envergonhado, cobre o rosto com o elmo
e entramos na mata,  mãos entrelaçadas, pactuados, reais.
 






Imagem. Duy Huynh