NÃO TEMO
Não temo ver cunhado o nome em laje fria,
Nem as exéquias rabínicas, amenta ondulada,
O pranto plangitivo numa manhã sombria,
Nem sobre meu féretro a terra acumulada.
Sei que meus dias caminham para morte,
Mas quem nasceu que não tem mesmo fado?
Importa é que na vida eu tive a imensa sorte
De sentir amor e o prazer de ser amado.
Nas brumas obscuras, ao longe, faces vetustas,
Em tumbas por entre as quais as almas justas,
O vulto tenebroso as acompanhava.
Mas quando for minha vez de eu ali deitar
Aos meus antepassados eu for me ajuntar,
Vou ver, de fato, o amor de quem me amava.
(YEHORAM)