CENÁRIO
de Aarão Filho, dedicado a mim

Lá atrás da choupana, os coqueiros,

Balançam-se na tarde tão fragosa,
Ao vento que soprava dos outeiros,
E acariciava a minha rosa...


O tempo nestes prados correu tanto
A sibilar qual vento nos outonais...
No quintal da choupana ouvi cantos,
Deste vento constante... Não ouço mais!!!...

Esquecido, tão morto, ressecado,
Imerso em abandono, sem as flores,
Olho a erva daninha pelo jardim...

Também vejo o quintal das minhas dores,
Ao ver que minha alma tem chorado,
E, todo este cenário remete a mim!...
 


Minha resposta:

Cenários
Edir Pina de Barros
 
Atrás da Serra Azul, beirando o rio,
por entre as flores simples do Cerrado,
um rancho de sapé, demais sonhado,
agora está tão triste, está vazio;
 
nas noites de luar, céu estrelado,
ouvindo, dos coqueiros, o cicio,
e da coruja, mais distante, o pio,
felizes lá vivemos, lado a lado.
 
O tempo derrubou o nosso rancho,
que agora está no chão, amortalhado,
e o mato tomou conta do jardim.
 
Morreu o nosso amor, que era tão ancho,
e somos hoje sombras do passado,
pois tudo em nós morreu, chegou ao fim.
 
Brasília, 18 de Agosto de 2011.


Edir Pina de Barros
Livro: Poesia das Águas, pg. 82
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 18/08/2011
Reeditado em 17/07/2020
Código do texto: T3168097
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