Eu, Pierrot

Meu destino é ser só (cruel contraste),

Rodeado de gente: triste sorte!

Quem dera um grande amor, um baluarte

Trouxesse vida ao peito, posto a morte.

Iria então sorrir e rir por toda parte

Feliz de tanto amar e firme e forte,

Em qualquer canto, retratada em arte

Uma paixão seria meu transporte...

Mas, infelizmente o meu acaso é dor.

Por que meu Deus, viver tal Pierrot,

Buscando amor, e sendo solidão? Em suma:

Por que não vejo em nada alegria alguma?

A tristeza é infinita e me consome...

Não há no mundo um coração que a dome!