Altamisa
Edir Pina de Barros

Silêncio! Escuta a brisa que murmura,
e sobre as folhas rola e se desliza,
a balançar as flores de altamisa,
cheirosas, leves, prenhes de candura.
 
Tu podes escutar a doce brisa?
Ouvi-la a sussurrar na noite escura?
Nas flores de altamisa ela perdura
e faz, também, promessa, à sua guisa.
 
E com jeitinho firme, mas galante,
do modo que se espera de um amante,
nas flores delicadas caí, se enlaça.
 
E quando vai e vem, amena e arfante,
roçando-as sempre, quando lenta passa,
mas que mesura! Quanto garbo, graça!
 
Brasília, 05 de Agosto de 2011.
Sonetos diversos, pg. 42



Rita Sovatti - critica literária - Facebook, 06 de agosto de 2011.

Belíssimos versos decassílabos (10 sílabas métricas) e heróicos, pois com sílabas tônicas nas posições 6 e 10, de escansão perfeita. Apesar de comuns em sonetos, os decassílabos são vistos em Os Lusíadas de Luís de Camões. Não é pouca coisa, hein, Dª Edir? Perfeita a escolha de não considerar a diérese que poderia existir em “E vai! E vem!”, atendendo à métrica clássica. O mesmo com “Escuta a brisa”, fazendo o eclipse necessário, que é a ditongação de uma vogal nasal com outra vogal oral ou nasal, motivada pela perda da ressonância da primeira vogal. Linda imagética. Parabéns!
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 05/08/2011
Reeditado em 19/08/2020
Código do texto: T3141539
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